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Cabaré de Pombas Giras

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

As Corujas Feiticeiras da Noite


As Corujas Feiticeiras da Noite


Iya Mi Ajé: Minha Mãe Feiticeira. Mas conhecida popularmente como Iyami Oxorongá. A sagrada mãe. Seus ritos é envolto de muito medo, mistérios e segredos. As Iya Mi são consideradas feiticeiras velhas ancestrais. São personificadas pelas corujas, pássaro noturno que pode trazer mal agouro. Elas representam todas as mulheres mortas.
Elas guardam o segredo da criação do universo e do homem.
Representa no Merindilogum (jogo de búzios) o Odu (caminho) Ôxê.
Seu culto é Yoruba e as grandes orixás Mães são as matriarcas deste culto: Oxum, Iemanja, Nanã Buruku, Oba.
Oculto a mulher, ao sagrado feminino sempre foi visto com maus olhos após o surgimento do Cristianismo. Com a ideia de que a mulher quem traiu o homem.
Iyami Ajé é a coruja da noite, a rasga-mortalha. E que tudo vê, a feiticeira. Sua arvore favorita é a Jaqueira.

Aulo Barretti Filho, escreve em O Culto dos Eguns no Candomblé: "Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá(minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino."
“Para Sergio Ferretti (1989:186) o culto a Naê no Maranhão pode ser comparado ao das Iyamí Oxorongá da NigériaBenin e outras regiões da África - mães ancestrais respeitadas e temidas, que não incorporam e que têm o poder de se transformar em pássaro.”
Iya mi Oxorongá é um orixá de culto e não pode ser iniciado em ninguém. Apenas cultuado.



Adura Ìyámi Òsòróngà
Ìyá kéré gbo ìyámi o
Ìyá kéré gbohùn mi
Ìyá kéré gbo ìyámi o
Ìyá kéré gbohùn mi
Gbogbo Eléye mo Ìgbàtí
Ìgbàmú ile
Ìyá kéré gbohùn mi
Gbogbo Eléye mo Ìgbàtí
Ìgbàmú ile
Ìyá kéré gbohùn mi

Tradução:
Pequeninas mães, ó idosas mães
Pequeninas mães, ouçam minha voz
Pequeninas mães, ó idosas mães
Pequeninas mães, ouçam minha voz
Todas as senhoras dos pássaros quando eu
Cumprimo a terra
Pequeninas mães, ouçam minha voz

Todas as senhoras dos pássaros da noite
Todas as vezes que comprimo a terra
Pequeninas mães, ouçam minha voz



Elas são temidas por serem feiticeiras, por anunciar a morte com seus gritos. Mas por incrível que pareça elas são sabias, justas.
Conta a lenda de sua origem que...
Elas se tornaram perigosas para nós mortais por que no principio os humanos as ofenderam primeiro. Ambos foram criados juntos.
A feiticeira teve um filho e a mortal teve dez.
Naquela época havia apenas um único mercado. Que ficava situado entre o céu e a terra. A mortal precisou ir ate ele e deixou seus dez filhos com a Feiticeira. Correu tudo bem, a feiticeira tomou conta deles perfeitamente como combinado.
Iyami Osoronga precisou ir também ao mercado, e pediu a sua irmã mortal que cuidasse do seu único filho.
Durante a ausência da Feiticeira, os dez filhos da mortal decidiram matar um passarinho para comer. As crianças foram orientadas a ir na mata buscar carne, mas que não matasse o filho pássaro da feiticeira.
A mãe mortal foi até a mata buscar carne aos filhos, porém nesse intervalo os filhos dela mataram o filho pássaro da feiticeira.
Logo no outro extremo a Feiticeira pressentiu o fato. Largou as compras e retomou para casa.
Ao chegar ela já sabia do acontecido, mas não compreendeu, pois foi tão cuidadosa ao servir a irmã e o mesmo não aconteceu.
Triste e amarga ela resolveu deixar tudo que tinha...
Iay Mi correu a floresta para contar o acontecido para seu irmão Iroko.
Assustado com a historia ele decidiu vingar dos filhos da mortal. Iya Mi então começou a picar as crianças, uma a uma. E Iroko a mata lãs.
Orunmila intercedeu entre Iya Mi e Iroko, pedindo clemência pelas crianças. Em contra partida Orunmila introduziu o sacrifio de animais para apaziguar a fúria da Iya Min.
Da se pra ela: Ovos, óleos animais, coelhos entre outros.
Dessa maneira ele reconquistou Iya Mi. Deu grande festa e um imenso banquete a ela. Levou um exercito de homens para corteja La.
Houve então a reconciliação.
Ai vai um segredo, se apazigua as Iya Mins agradando as e não indo contra elas.
Diz se que a elas foi dado o poder de vigiar os homens quando Deus fosse tomar banho. Logo pela manhã, após seu banho elas davam ordem para o galo cantar.

Canção:
"Mãe destruidora, hoje te glorifico:
O velho pássaro não se aqueceu no fogo.
O pássaro doente não se aqueceu ao sol.
Algo secreto foi escondido na casa da Mãe...
Honras a minha Mãe!
Mãe cuja vagina atemoriza a todos.
Mães cujos pêlos púbicos se enroscam em nós.
Mãe que arma uma cilada, arma uma cilada.
Mãe que tem montes de comida em casa"
(Drewal, in Pemberton, 1982, p. 56)

Cantiga:
“Mãe toda poderosa, mãe do pássaro da noite (...)
Grande mãe com quem não ousamos coabitar
Grande mãe cujo corpo não ousamos olhar
Mãe de belezas secretas
Mãe que esvazia a taça
Que fala grosso como homem,
Grande, muito grande mãe no topo da árvore iroko,
Mãe que sobe alto e olha para a terra
Mãe que mata o marido mas dele tem pena”
(Beier in Pemberton, 1982, p. 192).
 “Ela é o poder em si, tem tudo dentro de seu ser. Ela pode tudo. Ela é um ser auto-suficiente, ela não precisa de ninguém, é um ser redondo, primordial, esférico, contendo todas as oposições dentro de si. Awon Iyá são andróginas, elas têm em si o Bem e o Mal dentro delas, elas têm a feitiçaria e a anti-feitiçaria, elas têm absolutamente tudo, elas são perfeitas” (Carneiro da Cunha, 1984, p. 8).


Por Magno Constantino 

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