As
Corujas Feiticeiras da Noite
Iya
Mi Ajé: Minha Mãe Feiticeira. Mas conhecida popularmente como Iyami Oxorongá. A
sagrada mãe. Seus ritos é envolto de muito medo, mistérios e segredos. As Iya
Mi são consideradas feiticeiras velhas ancestrais. São personificadas pelas
corujas, pássaro noturno que pode trazer mal agouro. Elas representam todas as
mulheres mortas.
Elas
guardam o segredo da criação do universo e do homem.
Representa
no Merindilogum (jogo de búzios) o Odu (caminho) Ôxê.
Seu
culto é Yoruba e as grandes orixás Mães são as matriarcas deste culto: Oxum,
Iemanja, Nanã Buruku, Oba.
Oculto
a mulher, ao sagrado feminino sempre foi visto com maus olhos após o surgimento
do Cristianismo. Com a ideia de que a mulher quem traiu o homem.
Iyami
Ajé é a coruja da noite, a rasga-mortalha. E que tudo vê, a feiticeira. Sua
arvore favorita é a Jaqueira.
Aulo Barretti Filho,
escreve em O Culto
dos Eguns no Candomblé: "Os mortos do sexo feminino
recebem o nome de Ìyámi Agbá(minha mãe anciã), mas não são cultuados
individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e
representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande
mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade
coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé",
compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este
perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande
que, nos festivais anuais na Nigéria em
louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam
máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter,
entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino."
“Para Sergio
Ferretti (1989:186) o culto a Naê no Maranhão pode
ser comparado ao das Iyamí Oxorongá da Nigéria, Benin e
outras regiões da África -
mães ancestrais respeitadas e temidas, que não incorporam e que têm o poder de
se transformar em pássaro.”
Iya
mi Oxorongá é um orixá de culto e não pode ser iniciado em ninguém. Apenas
cultuado.
Adura
Ìyámi Òsòróngà
Ìyá
kéré gbo ìyámi o
Ìyá
kéré gbohùn mi
Ìyá
kéré gbo ìyámi o
Ìyá
kéré gbohùn mi
Gbogbo
Eléye mo Ìgbàtí
Ìgbàmú
ile
Ìyá
kéré gbohùn mi
Gbogbo
Eléye mo Ìgbàtí
Ìgbàmú
ile
Ìyá
kéré gbohùn mi
Tradução:
Pequeninas
mães, ó idosas mães
Pequeninas
mães, ouçam minha voz
Pequeninas
mães, ó idosas mães
Pequeninas
mães, ouçam minha voz
Todas
as senhoras dos pássaros quando eu
Cumprimo
a terra
Pequeninas
mães, ouçam minha voz
Todas
as senhoras dos pássaros da noite
Todas
as vezes que comprimo a terra
Pequeninas
mães, ouçam minha voz
Elas
são temidas por serem feiticeiras, por anunciar a morte com seus gritos. Mas
por incrível que pareça elas são sabias, justas.
Conta
a lenda de sua origem que...
Elas
se tornaram perigosas para nós mortais por que no principio os humanos as
ofenderam primeiro. Ambos foram criados juntos.
A
feiticeira teve um filho e a mortal teve dez.
Naquela
época havia apenas um único mercado. Que ficava situado entre o céu e a terra.
A mortal precisou ir ate ele e deixou seus dez filhos com a Feiticeira. Correu
tudo bem, a feiticeira tomou conta deles perfeitamente como combinado.
Iyami
Osoronga precisou ir também ao mercado, e pediu a sua irmã mortal que cuidasse
do seu único filho.
Durante
a ausência da Feiticeira, os dez filhos da mortal decidiram matar um passarinho
para comer. As crianças foram orientadas a ir na mata buscar carne, mas que não
matasse o filho pássaro da feiticeira.
A
mãe mortal foi até a mata buscar carne aos filhos, porém nesse intervalo os
filhos dela mataram o filho pássaro da feiticeira.
Logo
no outro extremo a Feiticeira pressentiu o fato. Largou as compras e retomou
para casa.
Ao
chegar ela já sabia do acontecido, mas não compreendeu, pois foi tão cuidadosa
ao servir a irmã e o mesmo não aconteceu.
Triste
e amarga ela resolveu deixar tudo que tinha...
Iay
Mi correu a floresta para contar o acontecido para seu irmão Iroko.
Assustado
com a historia ele decidiu vingar dos filhos da mortal. Iya Mi então começou a
picar as crianças, uma a uma. E Iroko a mata lãs.
Orunmila
intercedeu entre Iya Mi e Iroko, pedindo clemência pelas crianças. Em contra
partida Orunmila introduziu o sacrifio de animais para apaziguar a fúria da Iya
Min.
Da
se pra ela: Ovos, óleos animais, coelhos entre outros.
Dessa
maneira ele reconquistou Iya Mi. Deu grande festa e um imenso banquete a ela.
Levou um exercito de homens para corteja La.
Houve
então a reconciliação.
Ai
vai um segredo, se apazigua as Iya Mins agradando as e não indo contra elas.
Diz
se que a elas foi dado o poder de vigiar os homens quando Deus fosse tomar
banho. Logo pela manhã, após seu banho elas davam ordem para o galo cantar.
Canção:
"Mãe
destruidora, hoje te glorifico:
O
velho pássaro não se aqueceu no fogo.
O
pássaro doente não se aqueceu ao sol.
Algo
secreto foi escondido na casa da Mãe...
Honras
a minha Mãe!
Mãe
cuja vagina atemoriza a todos.
Mães
cujos pêlos púbicos se enroscam em nós.
Mãe
que arma uma cilada, arma uma cilada.
Mãe
que tem montes de comida em casa"
(Drewal,
in Pemberton, 1982, p. 56)
Cantiga:
“Mãe
toda poderosa, mãe do pássaro da noite (...)
Grande
mãe com quem não ousamos coabitar
Grande
mãe cujo corpo não ousamos olhar
Mãe
de belezas secretas
Mãe
que esvazia a taça
Que
fala grosso como homem,
Grande,
muito grande mãe no topo da árvore iroko,
Mãe
que sobe alto e olha para a terra
Mãe
que mata o marido mas dele tem pena”
(Beier
in Pemberton, 1982, p. 192).
“Ela é o poder em si, tem tudo dentro de seu
ser. Ela pode tudo. Ela é um ser auto-suficiente, ela não precisa de ninguém, é
um ser redondo, primordial, esférico, contendo todas as oposições dentro de si.
Awon Iyá são andróginas, elas têm em si o Bem e o Mal dentro delas, elas têm a
feitiçaria e a anti-feitiçaria, elas têm absolutamente tudo, elas são
perfeitas” (Carneiro da Cunha, 1984, p. 8).
Por Magno Constantino
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